30/05/2008

Taux de rebond: 90%

Essas bandeirinhas lúdicas aí ao lado, nesse globinho simpático, dão a impressão de um cosmopolitismo e de uma importância que estão longe da realidade!

Junto com o contator de visitas, há um sistema complexo de estatísticas do blog, devo dizer, desolador...

Sabe esse cara de Cabo Verde? Saiu do blog imediatamente após entrar... isso é a triste "taux de rebond" (não sei traduzir isso). Essa merda porcaria diz que 90% dos visitantes deixam o blog imediatamente... (o mesmo para o visitante do Porto, o da California, os de Salvador, São José do Rio Preto, Porto Alegre e Campina Grande)

Se eu falar do tempo médio de permanência, fica ainda mais horrível esse quadro. Poxa, eu sabia que eu era desinteressante, mas não imaginava que fosse tanto!

Isso indica que nem mesmo a minha mãe tem dedicado algum tempo aos meus devaneios...

Tenho um visitante quase diário em Lille... grande Pedro! Se bem que ele só entra para roubar as minha idéias, mas tudo bem, esse tempo que ele leva fazendo isso é importante para elevar a média do tempo de permanência... preciso de mais idéias...


Agora, quando eu ponho um elefante com as partes aparentes... aí todo mundo quer ver... "né não", dona Van? heheheh

Bom, chega!

29/05/2008

Entrou para a história... qual?

Dentre as milhares de coisas que eu não entendo, está o jornalismo esportivo.

Eu escrevo várias bobagens aqui, exagero algumas coisas, outras não têm sentido... mas ninguém me paga para isso.

Então, quando leio isso :

"Após cobrança de falta aos 14 minutos, o zagueiro Thiago Silva, de cabeça, empatou a partida e entrou para a história. Ele marcou o primeiro gol da história do Fluminense contra equipes argentinas em jogos em Buenos Aires por torneios sul-americanos".

(Vamos contar: do, contra, em e por)

Me ponho a pensar... é praticamente um Napoleão !

Vou te contar !

27/05/2008

O cúmulo

Acabo de ler um artigo que me tirou completamente do sério. Nem consigo organizar minhas idéias... mas quero reproduzi-lo aqui para que vocês fiquem indignados junto comigo. Lá vai:

Espiritismo nos tribunais

Razão jurídica não pode ser confundida com crença

Editorial publicado no jornal O Estado de S. Paulo neste domingo (25/5).

Sob a justificativa de tornar a Justiça "mais sensível às questões humanitárias" e discutir questões morais como aborto, eutanásia, pena de morte e pesquisas de células-tronco, um grupo de delegados de polícia, advogados, promotores, procuradores e juízes acaba de criar a Associação Jurídico-Espírita de São Paulo (AJE), com cerca de 200 filiados. Entidades semelhantes já existem no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo e a maior delas é a Associação Brasileira de Magistrados Espíritas (Abrame), que reúne 700 juízes, desembargadores e até mesmo ministros de tribunais superiores.

Para essas entidades, aplicar o direito é "missão de vida" e nada impediria os juízes de embasar suas decisões em princípios religiosos. "O Estado é laico, mas as pessoas não. Não tem como dissociar e dizer: vou usar a minha fé só dentro do centro espírita", diz o promotor Tiago Essado, um dos fundadores da AJE. "Não enxergaria nenhuma diferença entre uma declaração feita por mim e uma declaração mediúnica, que foi psicografada por alguém", afirma Alexandre Azevedo, juiz-auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça. "Não acredito em acaso, mas numa ordem que rege o universo, acredito em leis universais", endossa o juiz Jaime Marins Filho. É preciso "questionar os poderes constituídos para que o direito e a Justiça sofram mais de perto a influência de espiritualizar", conclui o juiz federal Zalmino Zimmermann, presidente da Abrame.

Entre as propostas defendidas por essas entidades está a utilização de declarações e cartas psicografadas por médiuns espíritas nos tribunais como prova material ou documental inclusive em casos de homicídio. O problema é que, além de essas medidas não terem qualquer comprovação científica, elas comprometem a certeza jurídica e a própria objetividade das decisões judiciais. Acima de tudo, essas medidas colidem com o princípio do Estado laico, que enfatiza a separação entre o poder público e a religião e o prevalecimento do rigor lógico-formal do ordenamento jurídico e o caráter científico do direito positivo sobre crenças de natureza moral e pessoal, critérios sobrenaturais, valores religiosos e as chamadas "verdades reveladas".

A discussão não é nova. Além das entidades de juízes espíritas, há muito tempo existem associações de juristas católicos que foram criadas com o objetivo de "contribuir para a presença da ética católica na ciência jurídica". Um dos integrantes dessas associações, o ministro Carlos Alberto Direito, do Supremo Tribunal Federal, envolveu-se recentemente numa acirrada polêmica com colegas de Corte e com entidades médicas, ao pedir vista da Ação Direta de Inconstitucionalidade que contesta as pesquisas com células-tronco embrionárias. Com isso, apesar da tendência da Corte de rejeitar o recurso, ele sustou o julgamento no dia 4 de março, o que levou a ministra Ellen Gracie a criticá-lo publicamente. Embora o regimento do STF fixe em 30 dias o prazo para vista, até hoje Direito não devolveu os autos ao plenário.

Em vários Estados, advogados vêm apresentando aos Tribunais do Júri declarações psicografadas como estratégia de defesa. Nesse tipo de julgamento, como é sabido, os jurados não precisam fundamentar seus votos. Os juristas espíritas alegam que a psicografia pode ser levada em consideração desde que esteja em "harmonia" com as demais provas. Como não há garantia nem de autenticidade nem de cientificidade de documentos psicografados, muitos promotores pedem a sua impugnação sumária. "Escorar uma decisão com base numa prova psicografada não tem ressonância no mundo jurídico", diz Walter Nunes, presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe).

Com o objetivo de fechar brechas legais que desvirtuam julgamentos e abrem caminho para as mais absurdas decisões judiciais, a Câmara dos Deputados está discutindo um projeto que altera o Código de Processo Penal, proibindo expressamente o uso de cartas psicografadas por prova criminal. O projeto, que já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, não poderia ter sido apresentado em melhor hora. Além de preservar a segurança jurídica, ele é uma resposta objetiva àqueles que, sob a justificativa de "espiritualizar" o Judiciário, confundem razão jurídica com crença religiosa.

Revista Consultor Jurídico, 25 de maio de 2008



26/05/2008

Rapidinha...

A última coluna de Hélio Schwartsman, "A guerra dos manifestos", está um primor ! Melhor do que sua análise sobre a questão das cotas para negros em universidades públicas, foi a indicação de dois manifestos, a favor e contra esse sistema.

Quem me conhece sabe que eu sou absolutamente contra cotas raciais, parcialmente contra as cotas baseadas em renda e que só acredito piamente no investimento sério, "apolítico" e de longo prazo na educação pública de base.

Mas eu não teria competência para discorrer sobre esse tema, então indico, além da coluna do Schwartsman, a "Carta de Cento e Treze Cidadãos anti-racistas contra as leis raciais", documento com o qual concordei plenamente. O outro manifesto indicado é o "Manifesto em favor da Lei de Cotas e do Estatuto da Igualdade Racial", foi difícil terminar a leitura, porque abomino cada argumento empregado no texto, mas é sempre importante conhecer "o outro lado"...

Eu sei que ninguém vai ler, mas não tem problema. Há uma parte da primeira Carta que me seduziu particularmente, tratando da inexistência de "raças", com bastante amparo científio. Vou me informar melhor e quero escrever sobre isso posteriormente, acho um tema muito interessante.

Ainda tratando de educação, estou apaixonada por um pequeno livro que comprei na semana passada, numa promoção no centro de Paris... custou 1€50 e tem me alegrado a vida. Chama-se "de l'éducation antique à l'éducation chevaleresque", há um capítulo que quero traduzir inteiro aqui, sobre as características da educação romana, porque fala de um ideal muito interessante que se perdeu no tempo e que, na minha modesta opinião, faz alguma falta nos nossos dias... mas isso vai ficar para amanhã ou depois...

24/05/2008

Post esquecido 1

Semana passada eu comecei a escrever um post com a intenção de fazer uma síntese das coisas que tinha pensado durante a semana. Como eu não faço outra coisa além de pensar, o texto tomou proporções inviáveis, tanto em tamanho quanto em confusão...

Não é nada extremamente relevante e eu poderia descartar o rascunho como faço com tantos outros, mas quero publicar, para mudar um pouco esse ar rebelde e truculento que essa história de Marcha para Jesus me trouxe.

O texto começava com "Essa semana, li 3 coisinhas que me colocaram para pensar". Aqui, eu vou tratar da primeira coisinha. Quando eu conseguir organizar a confusão das outras duas coisinhas eu faço outro post...

A primeira coisinha...

Li no último número da Manières de voir, uma edição do Le Monde diplomatique, tratando das "Histórias de Israel".

Eu sempre fui muito ignorante com relação ao Oriente Médio de forma geral, todo o conflito árabe-judeu. Porque isso faz parte daqueles temas que nos levam a dizer "xiii... isso aí é um ninho de vespas, outra hora eu vou procurar entender melhor"... e como está lá longe (geograficamente), essa outra hora nunca chega e nós podemos nos ocupar das coisas mais "práticas".

Há pouco tempo - mais precisamente, depois que eu assumi minha condição humanista, que tem seu ponto de partida bem descrito no extrato filosófico raulseixístico abaixo - eu percebi que esse é um tema extremamente nobre, por nos obrigar a levar em conta 3 perspectivas de mundo totalmente diferentes.

É você olhar no espelho
Se sentir
um grandessíssimo idiota
Saber que é um humano
ridículo, limitado
Que só usa dez por cento

De sua cabeça animal...


Assim, estou tentando entender melhor essa questão, levando em conta 3 sistemas de mundo complexos e conflitantes: o meu (que teima em ser predominante, não sei o por quê ! rs), o judeu e o árabe. Tenho entendido algumas coisas. E, para melhorar a análise, participo de um grupo de discussão sionista e converso com um amigo árabe bastante instruído e que não esconde sua ojeriza pelo Estado de Israel, que para ele é uma grande aberração.

Eu não tenho que me posicionar, porque meu exercício é outro...

Mas, retomando, a primeira coisa que me colocou para pensar veio dessa nova reflexão, mas não se limita a ela, foi uma frase de um historiador britânico-israelense, Avi Shlaïm.

Vou fazer uma tradução bem livre e pessoal:

"Não está totalmente excluída a possibilidade dos israelenses tirarem, um dia, lições de seus erros e elegerem dirigentes conscientes de que a coexistência de dois Estados constitui a única solução verdadeira. As nações, como os indivíduos, são capazes de agir racionalmente - depois de esgotadas todas as outras soluções".


Me limito a dizer que me fez pensar, o que me fez pensar seria muito mais longo e desordenado, então eu vou voltando a isso em outras postagens (somente se eu tiver vontade)...

22/05/2008

Dúvida...


Por que é que Marcha para Jesus pode e Marcha da Maconha não pode ?

Entorpecente é entorpecente !

18/05/2008

Que susto !

Essa imagem estava em destaque no site do jornal Le Figaro. O tom da legenda era de "ó, que sustinho... a mocinha leva a mão à boca e o rapaz não crê em seus olhos... O casal, apaixonado por viagens, aventuras e pela fauna africana, nunca imaginaria ver um macho tão grande de tão perto..."



Depois de apreciar com cuidado, a única coisa que eu tenho a acrescentar é... e põe macho nisso !

09/05/2008

Sempre leio o blog do Daniel Piza, jornalista muito interessante, sem dúvida. Quando trata de cultura é maravilhoso, mas quando fala de futebol é uma desgraça. Ele não gosta do meu Tricolor, isso é fato. Não diz claramente, acabou de responder ao comentário de um torcedor que reparava nisso que ele não comenta futebol como torcedor, que tem um olhar profissional... não acho não...

O título de sua última postagem é "Sem convencer" (sobre a vitória "pobre" do SPFC na Libertadores) ...

O melhor comentário de um sãopaulino:

"O São Paulo anunciou nesta quinta feira que está a procura de um jogador com formação em retórica dialética persuasiva.
Juvenal Juvêncio e Marco Aurélio Cunha afirmaram que tomaram esta medida drástica porque está muito difícil convencer alguns blogueiros.
Agora todo gol deverá vir acompanhado dos respectivos argumentos."
Heheheheh... gostei...

04/05/2008

Penso...

Essa noite tive uma insônia terrível, depois de dias de bom sono e cuidado com os horários. Paciência, ser "normal" é uma construção e eu chego lá...

Três coisas tomaram meu tempo nessa madrugada insone, dois filmes e uma idéia, uma indagação, para melhor dizer.

O primeiro filme foi uma experiência estranha. Chama-se Teeth, não encontrei título em português, nem data de lançamento no Brasil. Ontem, meu marido rui, me chamou para ler uma sinopse e decidir se eu queria ou não ver o filme, eis o que li:

"Dawn (Jess Weixler) é uma estudante de colegial que está em crise com a sua sexualidade. Membro de um grupo que defende a castidade, sofre o peso do mundo - a pressão dos pais, dos amigos, dos garotos, da sociedade. Para piorar, Dawn descobre que tem uma dentição na vagina."

Olhadinha no trailer...



Nos minutos finais do filme, meu marido dizia qualquer coisa parecida com "não é a coisa mais estranha que eu já vi..." câmera baixa, moça em pé, pernas afastadas, sua vagina expulsa, ou cospe, o pênis amputado, que cai no chão para ser mastigado por um cão. Ele mudou de idéia. Conto a cena sem problemas pois sei que ninguém vai ver isso mesmo. Isso faz parte daquele grupo de coisas que só este casal aqui faz... hehehhe

Segundo filme. Antes de colocar pergunto o que era, que tipo de filme... marido meio morto de sono não se lembra, diz, acho que é uma comédia romântica boba. Eu penso que é o ideal para colocar e cair no sono. Primeira cena: a esposa dedicada arruma uma bela mesa, prepara um lindo bolo sobre o qual lê-se "feliz aniversário de casamento", sobe as escadas e, no banheiro, dá um tiro na cabeça, caindo mortinha na banheira vazia.

Não sei se deveria ter medo do meu marido por classificar isso como comédia, pior ainda, como romântico... ou se prefiro pensar que ele se enganou mesmo...

Mas, sem brincadeiras, o filme é bom. Chama-se Lonely Hearts (2006) - Os Fugitivos, no Brasil. Baseado na história real (final da década de 40), de um casal completamente xarope que aplica golpes em mulheres solitárias. Eles vão se descontrolando e passam a cometer assassinatos bastante chocantes e no final são "fritos" na cadeira elétrica. Estou contando isso porque logo na segunda sequência já sabemos que serão executados, não estou estragando. O ponto alto do filme não é saber se serão ou não pegos...

Durante uns 60 minutos, conforme a violência do casal aumentava, aumentava também a minha e eu me via ansiosa para a cena da execução, já anunciada no comecinho do filme, chegar. Tinha aqueles sentimentos limitados do raivoso, do vingativo, dos que não exercitam vários olhares. Enfim, eles morreram, e não foi bom. No final do filme eu estava envergonhada da minha brutalidade e colocando em questão esse nosso peculiar senso de justiça. (O hélio Schwartsman tratou disso na coluna dessa semana, discordei demais, mas concordo com a necessidade de investigar mais de perto esse conceito)

Por último, há a minha indagação, oriunda da notícia da proibição da marcha da maconha em alguns estados, acho que é assim que se chama esse "movimento". Não pensei exatamente na maconha, nem na necessidade (ou não) de discussão da legislação relativa a droga. Não pensei nisso porque, a princípio, não há nenhum sentido em andar por aí "pela maconha".




Mas a questão que me surgiu é se um cidadão é, de fato, livre para se manifestar e reivindicar. Se a resposta for que ele o é desde que esteja de acordo com uma série de princípios básicos da nossa sociedade, respeitando a lei e etc... a pergunta é que princípios são esses e onde eles são determinados? Um cidadão pode questionar uma lei, pacificamente, se valendo de idéias? Qual seria a diferença entre uma marcha com intuito de gerar uma discussão sobre a carga tributária ou, para continuar no quadro dos tabus, sobre a necessidade de legalização do aborto e essa que foi proibida?

Fico pensando nas liberdades, nas instituições, não consigo ver como natural esse distanciamento e essa nossa idéia de agentes disciplinadores externos a nós mesmos...

Assim não há quem durma...