30/03/2008

Um comentarinhozinho...

Uma emissão da TV Senado francesa convidou três especialistas em América Latina. Um jornalista político, o chefe da redação do Le Monde Diplomatique e um pesquisador da mais importante escola de ciências políticas da França. Esse último coordena um observatório sobre a AL. Foram seus comentários que motivaram essa postagem.

Entre os temas discutidos: energia, as diferentes modalidades de esquerda, disputa velada entre Chaves e Lula pela influência na região, relação da AL com os EUA...

Em suas considerações finais, relacionadas a qual dos países apresenta maior vocação para influenciar a região, o pesquisador disse que o Brasil tem um peso indiscutível na AL, mas ponderou, afirmando que a sociedade brasileira está longe de ser um modelo, principalmente por apresentar uma enorme desigualdade social e ser racista. E ponto.

Desigualdade e racismo são, eu suponho, os dois principais aspectos da sociedade brasileira na visão desse senhor. Isso significa, na visão do observatório que ele dirige. Significa ainda, na visão acadêmica francesa.

Ainda que ele estivesse na TV e que disso resulte uma necessidade de síntese extrema, se ele destacou essas duas características apenas, não deve ter sido por causa de um "branco" que fez com que não se lembrasse no momento de outros aspectos relevantes, mas porque para ele trata-se, de fato, de um binômio emblemático.

Eu achei suas considerações pobres. Não acho que desigual e racista seja a melhor definição de Brasil... mas esse não é o centro da questão.

A questão é a constante simplificação do Brasil (e da AL de maneira geral) ou das questões brasileiras na imaginário francês e na "produção intelectual" francesa.

Já não me assusta ouvir absurdos que demonstram a completa ignorância do "cidadão francês médio", seja na rua, no café, no bar ou entre alunos da universidade. Mas ainda me assusta a visão pouco aprofundada e permeada por preconceitos e preguiça intelectual de "formadores de opinião", estudiosos, etc.

Bom, não era assim que eu queria colocar essa questão, mas fiquei com preguiça no meio do texto... depois eu falo para a mamãe o que foi que eu pensei exatamente sobre isso... chega por agora...

28/03/2008

Quanta sacanagem

Hoje, enquanto fazia minhas andanças internéticas, encontrei duas coisas assustadoras:

Primeira: o Créu ! Podem rir e dizer que estou por fora, mas não conhecia isso mesmo. E agora que conheço estou um pouco sem rumo. Acho até que eu preferia a Lacraia... rs. Achei que esses absurdos já estavam cansando até os mais babacas, mas parece que não. Pensando bem, vou ficar mais um ano desatualizada para evitar esse tipo de coisa.

Segunda: coluna Consultório Sentimental da veja.com. Me deixou bem atordoada e acho que eu pefiro o Créu que, ao menos, é direto... "olha, você está comprando um lixo". Esse mundo é uma sacanagem...

bjs

25/03/2008

Outras diversões de inverno

Inverno não combina muito com rua por aqui. Durante esse período, além de ver muitos filmes, desenvolvi outros hábitos de entretenimento. Um deles me atrai mais que os outros. Trata-se de ler comentários de leitores em jornais on line e blogs desses mesmos veículos. Principalmente no estadao.com...

São verdadeiros festivais da loucura!

É impressionante o número de perturbados gastando horas e horas da vida em discussões pouco produtivas. Uns ensaiam um eruditismo fora de propósito, outros denunciam o "Império americano" e a "corja sionista" mesmo quando a postagem trata de animais abandonados (para ficar apenas nesse exemplo absurdo), outros atacam o blogueiro constantemente, "esse segue tal agenda", "aquele é vendido", "o editor é judeu, então o jornal não tem credibilidade".

Há, ainda, os loucos raivosos "anti-petralhas"... uma em especial me choca quando entra numa discussão sobre uma "nova onda de xenofobia nos EUA" e escreve simplesmente "esquerda é merda", como se isso dissesse, assim, isoladamente, qualquer coisa. Uma virulência inacreditável.

Cada blog tem seus habitués, eles formam grupos interessantes, podem trocar mais de 1000 mensagens em algumas horas. Eu as leio (devo ser ainda mais perturbada) e não posso destacar nem 1% de comentários pertinentes, interessantes. Eles me servem apenas para saber o tipo de gente que eu não quero ser, o tipo de bobagem que não quero afirmar e o tipo de intolerância perigosa e infundada da qual eu quero distância. Ainda assim, leio. Por que?


Não sei ao certo. Mas acredito que isso seja, de algum modo, representativo. Essas pessoas têm, em geral, um nível de instrução elevado, mesmo que na âge de la baudetisation (termo criado por mim, em francês para parecer mais intelectual, que traduzido resulta simplesmente em era da jumentização) isso não represente grande coisa. Buscam informação, falam outros idiomas, muitos vivem em outros países, têm uma cultura geral razoável (sabem colocar o Oriente Médio no mapa). Fazem parte daquele grupinho chamado "(de)formador de opinião".

Acho que esse microcosmo pode fornecer informações precisosas sobre as "mentalidades", acho que se o extrapolarmos, teremos um retrato em parte fiel desse grupo social, suas divisões internas, suas crenças, seu modo de tratar a informação que recebe em profusão... mas, no que me interessa mais específicamente, sua raiva e sua cegueira.

Todas as questões do homem na pós-modernidade, ou na minha âge de la baudetisation, estão exacerbadas nesses espaços virtuais... ACHO eu, repito.


O que farei é simples, vou começar a reproduzir aqui algumas pérolas encontradas nessas páginas. Vou fazer um inventário bem humorado disso, para me divertir um pouco e para discutir com a minha mãe, principalmente, esses comportamentos peculiares e, quem sabe, aprender algumas coisa. Nenhum exercício de observação da realidade é inútil (Claro que pode-se argumentar que esse não é necessariamente um exercício de observação da realidade, por n razões que envolvem as características da internet, etc... mas para mim é bastante real e interessante, mesmo assim).

22/03/2008

Doente em casa... filmes e choradeira besta.

É uma grande porcaria ficar doente. Pior ainda quando ficamos doentes e temos crises existenciais ao mesmo tempo. Essa junção pode causar coisas realmente estranhas...

Assisti dois filmes muito dos sem-vergonhas, feitos para causar uma pequena emoção quando exibidos na sessão da tarde, mas que me fizeram cair num choro louco, mal conseguia respirar.... o nariz escorrendo, horrível, eu quase me matei entre lágrimas, lenços, melecas... uma loucura !

Então vou deixar registrado aqui para que vocês evitem juntar esses filmes, gripe tenebrosa e crise existencial...

August Rush (2007)

O som do Coração lançado, no Brasil, em fevereiro de 2008. Dirigido por Kirsten Sheridan. Veja o trailer:



Esse filme se parece com um sem número de outros filme, faz uma mistureira de fórmulas que "funcionam". Tem menino órfão, prodígio musical, menina rica com futuro brilhante afastada de músico pobre pelo pai mau, mentira a dar com pau, o Robin Williams (que dá um ar de "filme sensível", mas que na verdade não filmou nada decente nos últimos anos)... muito elementos. Mas é filme safado... não se deixem enganar e, sobretudo, escolham um momento em que todas as suas faculdades mentais estejam em ordem...

The Water Horse: Legend of the Deep (2007)

Que ganhou o título Meu Monstro de Estimação e também foi lançado em fevereiro de 2008, pelo que li aqui. Dirigido por Jay Russell. O trailer:



Esse também vem com todos os elementos, mas ainda tem monstro e Segunda Guerra! Ironicamente, é pior que o primeiro na forçada de barra, mas me fez chorar duas vezes mais. O menino fechado e solitário e o monstro do Lago Ness... que tem cara de dragão, mas não é, é "Cavalo das águas". Porque todos os monstros de Hollywood têm a mesma cara? E porque eu tó dizendo que eles têm cara de dragão, se nunca vi um dragão? Olha como me condicionaram... ô tristeza! Então: porque todos os monstros de Hollywood tem cara de dragão de Hollywood? Ah, deixa pra lá !

12/03/2008

25.634.978.416.588.465 PECADOS

Os leitores religiosos que me perdoem, tenho todo o respeito que posso por quem faz a escolha de seguir uma religião, acreditar num ser supremo e assim por diante. Mas eu preciso perguntar:

Que conversa é essa de pecado? E de novos pecados?

Os 7 já não tinham muito cabimento, mas como a gente (digo o leigo, claro) não sabe bem quem foi o primeiro esperto que começou a falar disso, muito menos quem foi o primeiro bobo que engoliu e, por parecer razoável classificar a ira, por exemplo, como comportamento indesejável, não se pensava muito neles. Mas eu não consigo, de fato, entender essa nova e desesperada listinha de novos pecados - adaptada à "realidade da globalização" - dessa indigníssima instituição.

Realidade, para começar, deveria estar muito longe do discurso de qualquer pessoa que escuta a palavra "papa" e é capaz de achar algum sentido ou fazer qualquer ligação. Quando eu leio "papa", isso poderia ser qualquer coisa, até uma marca de biscoitos (seria até mais interessante no mundo globalizado).

Agora "deus" vai nos punir pelo que já nos punia e também:

Violações "bioéticas", como controle de natalidade;
Experimentos moralmente dúbios com células-troco;
Poluição do ambiente;
Agravamento da injustiça social;
Riqueza excessiva;
Geração de pobreza;
Uso de drogas.

"Monsenhor" Gianfranco Girotti (entrevistado por L'Osservatore Romano) nos deixou um grande elemento para reflexão quando afirmou que "A droga enfraquece a psique e obscura a inteligência, deixando muitos jovens fora do circuito da igreja". Eu diria que este senhor encontrou as melhores palavras possíveis para definir uma outra coisa, a ação da igreja. Essa sim, enfraquece a psique e obscura a inteligência. Só para que conste, não estou fazendo uma defesa da droga, é algo terrível, tão terrível quando a igreja ou a "bispa" Sônia, ou o câncer de cólon do post anterior...

Eu vou continuar depois, tem um montão de desaforos que eu preciso proferir ainda! Talvez um post para cada novo pecado... vou pensar.


Wellcome Image Awards 2008

Eu adorei algumas imagens premiadas no Wellcome Image Awards 2008. São imagens feitas a partir de pesquisas médicas. Realmente, nunca tinha pensado no lado artísico do câncer de cólon, na beleza da traquéia do bicho da seda ou nas cores vivas, quase psicodélicas, da meningite bacteriana. Vale dar uma olhadinha...





Células de câncer de cólon crescendo em amostra !











Vilosidades do intestino delgado humano !








Meningite bacteriana !





Imagem de uma única célula de câncer de mama !







Mosca em cristais de açúcar (esse eu adorei) !






10/03/2008

Não aguentei...

Esse vídeo me foi indicado por uma amiga, não aguentei, preciso postar... conheço pelo menos duas pessoas que vão se divertir muito com isso...

O nível caiu violentamente...

Como dizia o post anterior, eu estava muito satisfeita com o excelente nível dos filmes que via. Isso acabou hoje ! Culpa do cinema francês...

Antes de qualquer coisa, quando não se pode nem confiar na classificação de um filme a coisa vai mal. Não é exatamente o caso aqui, mas acontece constantemente, você lê comédia e pode se preparar para o choro, ou para não achar a menor graça, ou ainda para não entender (sem que o problema seja necessariamente seu).

Tem uma coisa pior que cinema francês que se pretende intelectual, é cinema francês comercial. E esse é o caso aqui. O lixo se chama Toutes les filles sont folles (2003), do ilustre Pascale Pouzadoux. Acabou com o meu dia. Vou dar nota -2 para esse.

Mudando completamente de assunto. Essa é a maravilha de escrever para ninguém, ou quase... pode-se viajar livremente. Eu fico feliz de poder falar mal desse filme, evito até o câncer provavelmente... que maravilha... e não tenho que levar em consideração o que os meus "leitores" gostariam de ler por aqui, nem se isso é interessante para mais alguém no planeta além de mim... é um exercício de egocentrismo fantástico... agora chega.

08/03/2008

Mais um filme "daqueles" !


Eu tenho tido muita sorte ultimamente. Excelentes livros e excelentes filmes. Digo sorte e não bom gosto porque não são necessariamente escolhas. Meu marido procurava informações sobre um filme do Woody Allen, Bullets Over Broadway (1994), quando leu uma crítica sobre um filme japonês chamado Warai no daigaku (2004), Escola do Riso, no Brasil.


Surpresa maravilhosa! Pode-se ver o trailer e ler a sinopse aqui.


Adoro filmes que deixam uma satisfação meio inexplicável quando terminam. Sobre os quais podemos pensar, mesmo dias depois de termos visto, lembrar de um pequeno detalhe, fazer ligações sutis.

Gosto de indicar esse tipo de filme e depois ficar perturbando minha mãe porque ainda não assistiu... e se ela assiste quero saber tudo o que pensou, quero saber se pensou como eu e tenho tendência a ficar bem brava se não... mas depois aceito, o que se vai fazer?
Vai aí mais uma então, para engrossar a fila de Elsa y Fred (comédia espanhola simplesmente deliciosa), A vida do outros (dispensa apresentações), Adam's Apples (de Anders Thomas Jensen, diretor e roteirista que tive o infinito prazer de descobrir em 2007)... e assim vamos.

03/03/2008

Era uma vez...

... um Ditador que precisava fabricar uma guerra.