26/04/2008

Não é possível...

Ou eu sou muito besta, ou o cara que escreveu essa manchete destacada na primeira página do estadao on line é um completo sem noção...


Pingüim careca ganha roupa para poder mergulhar


Vou te contar!

Fora isso, a matéria é interessante, podem ler aqui.

Hehehehe... e o "mergulhador" chama Pierre... olha a simpatia...



25/04/2008

Temos em comum...

Depois de um desabafo contra a xenofobia que me rendeu até uma infame acusação de traidora da pátria, resolvi mostrar o outro lado. Há uma piadinha muito interessante por aqui...

Dois franceses no bar:
- Todo mundo sabe que no Brasil só tem jogador de futebol e puta !
- Ah... minha esposa é brasileira...
- E... em que time ela joga?!

Bom, percebemos duas coisas: uma baita ignorância e que as piadas não são o forte dos franceses.

Depois de dar um coice pra lá e outro pra cá, resolvi buscar o que teríamos em comum. Achei um exemplo fantástico. Durante anos, sem saber, compartilhamos um artista... M. Charles Aznavour, nos intervalos de lançamento de seus discos era comediante no Brasil, adotando o pseudônimo de Didi Mocó (vocês nunca repararam que a tônica está na última sílaba nas duas palavras? Se não fosse ele, seria Dídi Móco, certamente... péssimo, eu sei)

Esses dois vídeos provam minha teoria...








Usei para fazer uma piadinha ruim, mas realmente adoro essas duas músicas. Há quem diga que é exagerada essa coisa teatral, mas eu gosto, de verdade. Gosto dos olhos fixos enquanto canta. Gosto da forma forte de pronunciar cada frase... como naquela magnífica interpretação de Teresinha...


Esse é para a minha mãe...

23/04/2008

Xenofobia não tem origem

É comum, no Brasil, ouvir discussões sobre a xenofobia européia, essa triste característica desse povo antigo, conservador, inflexível...

É recorrente também ouvir que nós, brasileiros, somos um tipo de contraponto disso tudo. Nossa formação, a mistura, matrizes africana, indígena e portuguesa e depois imigrantes de origens diversas formando esse povo flexível, aberto, que não só sabe aceitar a diferença como também incorporá-la.

Há os que vão mais além, incluindo no discurso o clima, ah... os trópicos... o calor, os corpos à mostra sem preconceito, a liberdade. Longe, bem longe do frio que torna os humores mais secos, os corpos mais escondido, as moralismos mais agudos...

Vai no meu oco... (opa! quase erótico, não vou mudar porque minhas duas leitoras não são maliciosas e não farão piada, além disso, eu não tenho nenhuma vergonha do que vai no meu oco !)
Deixo claro, que trato aqui do senso comum, não quero fazer referências a nenhuma corrente de pensamento, não quero exaltar o polêmico Gilberto Freire ou Darcy Ribeiro, muito menos os revisionistas da década de 80... isso para ficar no pensamento mais básico e referenciado. Porém reconheço o peso desses autores, entre vários outros, no processo, não menos polêmico de "formação" desse senso comum. Vou parar... esse é o meu cantinho do achismo... para não perder a linha, é o meu Tudo o que penso sobre tudo...

Voltando ao normal...
Não seria mal, de fato, se isso fosse verdade. Se nós estivéssemos realmente livres desse sentimento esdrúxulo que é a xenofobia, desse medo e raiva imediata do que ignoramos, do outro, que não é diferente, é pior. E se, ao contrário daqueles que criticamos, soubéssemos reconhecer a diversidade de um outro povo não incorrendo no que é esteriótipo barato, como fazem "eles" (pequeno termo que está menos distante do nós do que queremos ou ousamos pensar).

Há muito, escrevi que gostaria de reproduzir aqui algumas loucuras que leio nos blogs da vida, até criei o tema Ablogsurdos que nunca mais ganhou um post. Ganhará agora, porque quero dividir aqui o que motivou esse meu pensamento.

Fatos (sem fotos)

Vai no meu oco... nossa, estou com um humor extremamente imbecil hoje, mas não vou me controlar... nem tomar aquele tarja preta que me indicaram... isso é uma sequela do tempo em que era escrava de um arquivo de música brasileira e higienizava e catalogava publicações antigas sobre o tema... em alguma delas, não me lembro qual, porque o trabalho era manual, automático, ia esvaziando a mente lentamente (não sei pra que colocar um pobre universitário que quer mudar o mundo estudando História para fazer trabalho de limpeza, deve ser justamente para limpar seu cérebro, mas chega!), havia esse título, Fatos & Fotos (é fácil encontrar na internet, mas não vou parar para fazer isso e perder esse fluxo louco que se vos apresenta!).

Voltando ao normal...
Ainda com os fatos. Há um blog disfarçadamente de esquerda, tentando parecer humanista, cabe dizer, dedicado a cinema e cultura, hospedado no portal de um grande jornal (áudio: música de suspense, vai ficando mais alta e mais intensa...). A média de comentários é tão significativa quanto a minha. Mas há sempre os assuntos-chave. Em momento de desespero, nós podemos falar de aborto, religião, pena de morte e, mais recentemente, de Tropa de Elite, já que seria muito evidente que um blogueiro de cinema saísse procurando nos arquivos todos os "abortos do cinema afegão", ou coisa que o valha.

A questão: o diretor da revista francesa, Cahiers du Cinéma, fazendo um balanço do Festival de Berlim, no qual, todos mais do que sabem, o filme brasileiro foi premiado, qualificou a obra de imunda. Essa é a opinião do crítico, o filme é imundo e a premiação foi vergonhosa. Ele preferia o filme do mexicano Fernando Eimbcke. Ponto.

Resultado: rapidamente, havia mais de 150 comentários que podemos adjetivar raivosos. Tanto os que quase propunham a decapitação do francês fedido quanto os que concordavam com o crítico e quase propunham a decapitação de Padilha e dos fascistas e ignorantes que gostaram do filme. Uns 5 comentários que tentavam esclarecer que se tratava apenas de um filme e apenas de um ponto de vista de um profissional, não de um francês fedido ou não. Pobres! Eles ainda tentam...

Toda a questão é "que esse francês cretino acha O BRASIL imundo e vergonhoso ! Como esse xenófobo francês fedido, reacionário e maldito pode pensar essas coisas de um povo tão bom como o nosso? Todo mundo sabe exatamente como é a Europa, com esse seu povinho preconceituoso !"

Não houve, praticamente, argumentos sobre o filme, tecnicamente, seja lá o que for... todos criticavam os franceses, lembrando que eles não tomam banho, só prestam para fazer queijo e vinho, são bêbados... essas são algumas pérolas.

Mas, melhor, os que são "mais intelectualizados" que tinham vontade de escrever coisas piores que fedidos e bêbados, mas não podem suportar essa imagem... vou copiar alguns comentários aqui, dos alucinados assumidos e dos disfarçados também:

"Talvez "Imundo" na frança seja um elogio, ja que eles não tomam banho la e nem escovam os dentes"

"imundo quem e esse panaca pra falar isso o tropa de elite foi uns dos melhores filmes q eu ja assisti na minha vida melhores ate q esse filmes internacionais esse fdp nao e ninguem pra falar do filme....So pq ele naum consegue fazer um igual por isso...."

"O que acontece com este "renomado" senhor é o que acontece com a maioria das pessoas que perdem: Despeito."

"Crítico decadente para aparecer tem que falar mal de quem faz sucesso (...) E Viva o povo brasileiro!!!"

"a UE E EUA cadaz se fecham pra si mesmos, retratando apenas o proprio umbigo. Tempos mais negros virao..."

"Nunca vi um filme francês bom, será que existe algum? Bom, se tiver chovendo de insônia, indico os filmes franceses...Agora , em tropa de Elite não me deu sono, por que será heim? Ah e banho de vez em quando é bom , viu, diretor francês."

"E Axterix, induzindo ao uso da droga, não é imundo? Mas cuidado, ao retrucar, eles costumam cabeçear os que contrariam..."

"Imunda é uma Europa cada vez mais fascista e preconceituosa, que descobre, surpresa e incomodada, que há vida inteligente abaixo do Equador. Semearam miséria e exploração por todo lado durante séculos, e hoje se acham no direito de ditar regras. Em arte, inclusive.
O Cahier du Cinéma é hoje totalmente irrelavante, e o Sr. Frodon ainda não se deu conta disso.
Pior pra ele!"

"São os "novos ventos" que sopram na Europa . Primeiro foi a Espanha barrando brasileiros, agora foi a França criticando um filme brasileiro. Ou vice-versa. O fato é que a França já foi um país respeitável."

"Imundo......acho que mais imundo foram os nazistas dando ordem dentro de Paris....será que não aprenderam nada sobre preconseito.....afinal eram considerados raça inferior de 3°, agora porque são Europeus acham que são melhores............A história ainda não acabou...."

"Se viesse esse comentário de alguém da África até aceitaria,mas da europa, faça-me o favor, eles são tão ou mais "imundos" do que nós, a indústria do trafico e pedofilia é sustentada pelo 1º mundo.Por acaso eles acham que só aqui é que tem corrupção,violência e prostituição?."

Olha que coisa... primeiro dizem que eles não tomam banho, depois que o crítico está com despeito, que ele é mau perdedor, eu só não consigo entender o que foi que ele perdeu... Continuamos com alguém que diz que foi a própria França que criticou o filme ! Depois da Espanha expulsar brasileiros, agora essa França faz isso, inaceitável... Há inclusive dois profetas, o dos tempos negros que virão e o outro que, contrariando Fukuyama, diz que a história não acabou (uuuaaaaa... em tom ameaçador...). Pode-se também desqualificar completamente o cinema francês... só presta para as crises de insônia...

Em suma, é loucura demais para mim.

É mais ou menos a mesma mentalidade que faz um bestalóide ter que afirmar que Camus é ruim para Machado "poder ser" bom (sendo que não há a mínima necessidade, visto que Machado é enorme !)... ou que determinou que a seleção de futebol tem que vencer 100% das partidas que disputa, e mais um milhão de insanidades parecidas... Cansei, enfim.

19/04/2008

Luzes x holofotes

Tenho acompanhado, pelo jornais on line, o caso da criança assassinada na zona norte de São Paulo. Como quase todo mundo, não me contenho e clico na chamadas que oferecem novidades. Quando leio, não há novidade nenhuma, o mesmo horror, a mesma matéria acrescentada de uma ou duas linhas novas, quase sempre dispensáveis. Sei da enorme probabilidade de repetição, mas volto a clicar. Deve haver infinitas explicações para esse fato, não tentarei encontrá-las. Penso que, ao menos, estou livre da TV...

Não quero repetir aqui o sensacionalismo, além de não ter leitores, elemento indispensável a essa prática, não teria esse "talento" jornalístico. Mas duas coisas me chamaram atenção, ontem. Duas colunas da folha on line, de Helio Schwartsman e de Gilberto Dimenstein.

Ao ler a primeira, pensei que adoraria ler esse texto em outra circunstância. O interesse dessa discussão independe da morte "de fato" dessa criança. Já tinha lido Philippe Ariès quando cursei um semestre de História da Cultura II. Como bem colocou Schwartsman, foi um autor criticado, mas sua contribuição é indiscutível. Adorei passar um semestre tentando "entender tempos diferentes" à partir de três pontos, o estatuto da mulher, o da criança e o casamento. Perceber a evolução desses elementos no tempo é simplesmente lindo.

Sempre fico satisfeita ao ler matérias de vulgarização (se posso classificar assim) bem feitas. Uma pena que o fato gerador seja tão triste.

Gosto de Dimenstein, mas não gostei da matéria destacada no link. Não gostei porque acho que ele se engana terrivelmente ao falar de uma "extraordinária herança" deixada por essa morte, o fato de ampliar, como nunca, o debate sobre a violência doméstica contra crianças, problema, até então, sem grande repercussão. Ele coloca que essa "morte trouxe luz a esse problema".

Eu pondero: luz e holofote não são a mesma coisa e não geram os mesmos resultados. Infelizmente, não vejo nada além do segundo item na abordagem desse caso. Depois dos holofotes apagados não sobrará muita coisa, crianças ainda sofrerão maus tratos diariamente e apenas quem se preocupará com isso são os mesmos que se preocupavam antes dessa criança ser assassinada.

Se há uma herança nesse caso, ela só pode ser extraordinariamente triste. Trata-se de arquivos e mais arquivos que provarão no curso da história a boçalidade dos nossos tempos. E não me refiro ao fato de "matarmos crianças" mas ao fato de "matarmos mentalidades".

17/04/2008

Sobre guinus, vacas, porcos e preconceito


Estava na minha cama, dando uma olhadinha na TV. Ainda é manhã aqui e umas 3 emissoras exibem documentários, esses franceses são loucos por esse gênero. O número de ducumentários exibidos por dia, mesmo nos canais abertos, é impressionante. Uma obsessão, eu diria.

E não são apenas aquelas chatices naturais, com narrações que atribuem sentimentos humanos aos animais... "o guinu macho cobiça a fêmea enquanto esta se move faceiramente".

Não, são as criancinhas da África, o samba no Rio, a vodka na Rússia, todo estereótipo possível, mais história, descobertas científicas... não tem fim.

Escrevi tudo isso para dizer que via, há pouco, um documentário sobre a vaca, na Índia, claro. Lembrei de quando comi num restaurante indiano pertinho daqui, lugar muito simpático, comida forte que deixa muitas lembranças e pouca saudade.

Não me ocorreu em nenhum momento que o hábito alimentar indiano pudesse ser diferente por conta de crenças enquanto olhava o menu. Estava pronta para até para pedir uma carninha de vaca... rs

É interessante como, no Brasil, nós não pensamos constantemente nessas diferenças. Essa falta de convivência com crenças diversas me fez entrar num açougue, também vizinho, muçulmano, e pedir um pernil... hauahuahuahuahauhauhauah Que vergonha, o atendente quase me mordeu. Que tipo de louco não sabe que eles não comem porco? Parecia uma afronta.

Mas a questão não é não ter a informação, não é exatamente ignorância, mas uma total falta de atenção, no meu dia-a-dia um muçulmano não comer porco não existe. Ou não existia, passou a existir.

Nunca tive contato com pessoas que não comiam isso ou aquilo, que não fosse por gosto. Agora fico olhando para isso admiradíssima, tenho que confessar que não entendo, não aceito, acho loucura, minha primeira reação é classificar de ignorante, enganado... mas depois penso melhor e aceito, me adapto. Conheço um homem muito inteligente, ele não come porco, conhece a explicação religiosa do fato e a histórica também. Conversa sobre qualquer assunto com grande desenvoltura, é dono de uma sensibilidade invejável, adora e promove cultura. Só que não come porco.

Eu deveria entender isso, simples assim, ele não come porco... como se ele não gostasse de feijão ou de jiló, si lá... mas no fundo não consigo e estou brigando com essa questão... COMO ELE NAO COME PORCO? PORQUE ELE FAZ UMA COISA DESSAS? PORQUE ELE ACEITA PASSIVAMENTE SER PRIVADO DAS DELICIAS DO PORCO? BISTECA, FEIJAO GORDO, TORRESMO, COSTELINHA, PERNIL... eu não aguento mais isso, não tenho pensado em outra coisa.

Mas vou parar e vou voltar ao meu estado conformado. Achando tudo natural, porque para viver aqui isso é extremamente necessário. Além de necessário é muito enriquecedor, sem dúvida. Outro dia eu conversava com o mesmo cidadão do porco, falávamos de reação de um povo à dominação, discordávamos grandiosamente e eu percebi que não era o diálogo de duas pessoas, mas o diálogo de duas civilizações... entendi muitas coisas sobre como as boçalidades se manifestam no mundo, mas eu quero escrever só sobre isso depois.

Ah... ia acabando e pensei que talvez o falta de carne de porco no organismo leve alguns povos a um estado de "nevrosia" desmedido... mas precisa de muita pesquisa para confirmar essa hipótese...

Folclore

Política virou uma coisa engraçada e isso não tem a menor graça...

Foi muito triste ler, no estadao.com, a matéria Partidos lançam famosos e atletas para ''puxar votos''.

Não tenho mais comentários...

04/04/2008

La Bretagne...

Essa semana fui ao passeio, visitei o oeste da Fança, a região chamada Bretanha. Fiquei em uma cidade extremamente simpática, Lorient. Os habitantes da região têm essa fama: "os bretões são simpáticos", é o que se diz pela França. Eu não tenho nada a acrescentar. São incivelmente simpáticos e tranquilos, de fato. Dois dias calmos, muita caminhada, vendo muitas coisas bonitas e sendo muito bem tratada a cada contato.



Esse é o Port de Plaisance, para particulares. Bastante interessante. Andei demais por aqui, o dia estava bonito, temperatura amena e pouco sol.

Aqui eu vi uma coisa completamente inédita para mim, que não tenho muito contato com as "coisas do mar". Vi como eles tiram um veleiro do mar. Fiquei muito impressionada e enquanto as pessoas trabalhavam (porque não é uma operação muito simples), em plena quarta-feira nada turística, eu tirava um milhão de fotos do que eles faziam. Eu era uma atração para tão interessante quanto eles para mim. Mas não tive vergonha e mandei bala na fotografia. Escolhi as duas fotos para mostrar aqui...

Nesse primeiro dia eu ainda vi um antigo farol, coisa que também nunca tinha visto. Esse foi construído em 1744.
Sobre a arquitetura da cidade eu não tenho muito para contar. Geralmente, as cidades francesas têm belos centros históricos, muitos prédios em pedra, muitas catedrais, por aí vai... Lorient foi completamente destruída durante a segunda guerra. Não sobrou nadinha de nada. Então toda a arquitetura é da década de 50... o que para mim é uma coisa muita triste e feia, é uma cidade de caixotes... mas eu sou ignorante nesse assunto, é apenas uma impressão. Contudo, não gostei mesmo. Nã encontrei nenhum charme na cidade fora dos portos e cais.

Depois de andar muitas horas vendo essas coisas que mostrei, a grandeza natural da paisagem... e também outras coisas mais simples, reparando na vida da cidade, nas pessoas, eu não tinha mais pernas e voltei para o hotel, para me preparar para um jantar com o grupo do congresso do qual o Sylvain participava. Restaurante elegante, comida elaborada (para mim quase "incomível") mas que nos deixa com fome logo após o jantar... Infelizmente não tenho foto da entrada com gosto de pêssego com queijo de cabra... muito chic, que eu tive que empurrar para a garganta sorrindo...

Para terminar, eu vou deixar algumas imagens da vista do Port de Plaisance...