Inverno não combina muito com rua por aqui. Durante esse período, além de ver muitos filmes, desenvolvi outros hábitos de entretenimento. Um deles me atrai mais que os outros. Trata-se de ler comentários de leitores em jornais on line e blogs desses mesmos veículos. Principalmente no estadao.com...
São verdadeiros festivais da loucura!
É impressionante o número de perturbados gastando horas e horas da vida em discussões pouco produtivas. Uns ensaiam um eruditismo fora de propósito, outros denunciam o "Império americano" e a "corja sionista" mesmo quando a postagem trata de animais abandonados (para ficar apenas nesse exemplo absurdo), outros atacam o blogueiro constantemente, "esse segue tal agenda", "aquele é vendido", "o editor é judeu, então o jornal não tem credibilidade".
Há, ainda, os loucos raivosos "anti-petralhas"... uma em especial me choca quando entra numa discussão sobre uma "nova onda de xenofobia nos EUA" e escreve simplesmente "esquerda é merda", como se isso dissesse, assim, isoladamente, qualquer coisa. Uma virulência inacreditável.
Cada blog tem seus habitués, eles formam grupos interessantes, podem trocar mais de 1000 mensagens em algumas horas. Eu as leio (devo ser ainda mais perturbada) e não posso destacar nem 1% de comentários pertinentes, interessantes. Eles me servem apenas para saber o tipo de gente que eu não quero ser, o tipo de bobagem que não quero afirmar e o tipo de intolerância perigosa e infundada da qual eu quero distância. Ainda assim, leio. Por que?
Não sei ao certo. Mas acredito que isso seja, de algum modo, representativo. Essas pessoas têm, em geral, um nível de instrução elevado, mesmo que na âge de la baudetisation (termo criado por mim, em francês para parecer mais intelectual, que traduzido resulta simplesmente em era da jumentização) isso não represente grande coisa. Buscam informação, falam outros idiomas, muitos vivem em outros países, têm uma cultura geral razoável (sabem colocar o Oriente Médio no mapa). Fazem parte daquele grupinho chamado "(de)formador de opinião".
Acho que esse microcosmo pode fornecer informações precisosas sobre as "mentalidades", acho que se o extrapolarmos, teremos um retrato em parte fiel desse grupo social, suas divisões internas, suas crenças, seu modo de tratar a informação que recebe em profusão... mas, no que me interessa mais específicamente, sua raiva e sua cegueira.
Todas as questões do homem na pós-modernidade, ou na minha âge de la baudetisation, estão exacerbadas nesses espaços virtuais... ACHO eu, repito.
O que farei é simples, vou começar a reproduzir aqui algumas pérolas encontradas nessas páginas. Vou fazer um inventário bem humorado disso, para me divertir um pouco e para discutir com a minha mãe, principalmente, esses comportamentos peculiares e, quem sabe, aprender algumas coisa. Nenhum exercício de observação da realidade é inútil (Claro que pode-se argumentar que esse não é necessariamente um exercício de observação da realidade, por n razões que envolvem as características da internet, etc... mas para mim é bastante real e interessante, mesmo assim).
Um comentário:
Opa, vamos nos indignando...rsrsrrsrsr!
Afinal, você vai retalhando tudo...hehehehehe!
bjs
Estou com preguiça de escrever mais sobre essa indignação, indigna, indigna nação....
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