22/06/2008

Atendendo a pedidos

Eu não tive muita inspiração esses dias, cada vez que começava um post o abandonava por pura preguiça.

Então recebi um e-mail de uma querida amiga, a Maria Silvia, que encaminhava uma matéria muito interessante da Gazeta Mercantil. Além de interessante justifica um pouco esse meu comportamento, vindo muito bem a calhar... vejamos:

Estudiosa defende a preguiça como estratégia de resistência

São Paulo, 16 de Junho de 2008 - Scarlett Marton, conceituada professora de Filosofia Contemporânea da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), concedeu, na semana passada, uma palestra polêmica sobre workaholics. Além de apresentar as possíveis razões para este fenômeno, trouxe à tona uma visão nada convencional sobre o tema

Disse que o homem contemporâneo precisa retomar a preguiça, como estratégia de resistência. "A atual compulsão por trabalho criou pessoas sem consciência da própria existência. E isso não é saudável, nem no ambiente corporativo, nem no lar, de maneira geral. Isso atrapalha o trabalho em si", diz Scarlett.

Para chegar a este pensamento, a filósofa recorreu à história do trabalho. "Na civilização greco-romana, o homem comum não tinha ocupação, ofício, profissão. Trabalho era sinônimo de degradação, tortura, era atividade para os escravos", diz. Ela conta que só no século XIII, o trabalho ganhou um certo status entre as sociedades européias, graças às atividades manuais exercidas nos monastérios. "E o reconhecimento como valor social se dá apenas no Renascimento, no século XVII. Nesse período é que é visto como elemento que aprimora, desenvolve o homem. A idéia de lazer vai ser então ser desenvolvida somente na década de 30 do século XX, com as férias remuneradas", afirma.

Em suas pesquisas, ela conta que a idéia do mesmo "lazer", hoje, vem acoplada a uma certa obrigação. "Você tira férias e se sente na obrigação de viajar, de ter muito dinheiro para pagar um belo hotel, consumir belos produtos", comenta. "Tudo nos é imposto pela propaganda".

E esta noção de diversão, conforme a professora, teria se intensificado há 30 anos, quando apareceram os workaholics. "O evento do trabalhador compulsivo é muito recente. O homem moderno não se dá conta de que o ócio concede mais consciência sobre nossa própria condição humana. É preciso exercitá-lo". Mas como exercer o ócio em uma sociedade que tanto nos cobra? "É preciso ter espírito crítico quanto às nossas atividades cotidianas, prestar atenção se nossos desejos são verdadeiros, ou fabricados e padronizados pela publicidade", critica.

Se a teoria é bem articulada, o certo é que não é tão simples colocá-la em prática. A opinião é do dentista Oscar Razuk, que criou uma teoria de otimização de tempo ao perceber que 72% de seus clientes, a maioria formada por executivos, abandona os tratamentos dentários simplesmente por que são workaholics. "São pessoas que se preocupam muito com o trabalho e que se esquecem da própria vida. No meu caso, dentista que sou, tento mostrar que a saúde bucal pode aumentar a expectativa de vida de uma pessoa em até quatro anos. Muitos alegam, porém, que não têm tempo para acabar o tratamento, pois perderiam tempo e isso quer dizer perder dinheiro. Acabei então por pensar em palestras que abordam justamente a importância de se perceber que a saúde interessa mais do que o trabalho ou o dinheiro", conta.

Cidinha De Conti, diretora da empresa de marketing Conti Ações Integradas está com sete ações diferentes nesta semana. Trabalha, em média, dez horas por dia, em ritmo frenético. Não se considera workaholic, mas admite: "meus amigos dizem que a primeira característica de um workaholic é a negação de que faz parte deste grupo", diverte-se.

Em cada evento que faz, cabe a ela criar, organizar e coordenar equipes, definir programas e logísticas. "Minha profissão exige muitos detalhamentos. Para que as ações dêem certo, é preciso que eu me entregue completamente. Assim, tenho que estar à disposição do trabalho em tempo permanente", afirma. Ela acredita que a definição workaholic acaba se anulando, se a pessoa tem prazer em seu trabalho. "No meu caso, trabalho é uma fonte de prazer. Posso trabalhar aos sábados, domingos, seguidamente, que isso não vai me incomodar", finaliza.

(Gazeta Mercantil - Alexandre Staut)

5 comentários:

Pedro Camilo disse...

Eu acho qua a França é o país perfeito para comprovar essa teoria. Hoje eu valorizo muito mais o ócio e não o vejo como vagabundice, como via antes. O ócio pode ser inteligente, mesmo quando fazemos coisas burras nele. O problema é que, em geral, o pessoal valoriza mais esse povo que fala que "ai, meu trabalho é tudo na minha vida e eu posso ficar trabalhando o tempo inteiro". Vai lá, então. Trabalha até morrer...

Até mais!

Paula disse...

"O ócio pode ser inteligente, mesmo quando fazemos coisas burras nele".

Verdade!

O fato de parar é, por si só, inteligente. Concordo plenamente com a idéia de que nesses momentos de nada é que surge a consciência da existência.

O problema é que a própria idéia de existência é abstrata demais para a maioria das pessoas... o abstrato está muito démodé... ao invés de pensar em existência, procuramos substitutos mais concretos para facilitar o entendimento... trabalho, por exemplo. Fazer esse ligação direta entre existir e trabalhar é tão constante quanto perigoso... dá nisso aí que a gente vê...

Há ainda o problema da utilidade, dos papéis, consumo, etc.

Acho que vou fazer outro post depois... estou pensando coisas aqui... heheheh

bj

Anônimo disse...

Eita desculpa de povo vagabundo, viu?!

hehe brincadeirinha...

Bom.. eu concordo com vcs, mas acho q podemos ter consciencia da nossa existencia sempre que tentarmos não focar a nossa vida em algo específico... O excesso de trabalho é um mal e ter o trabalho como central na vida eu acho q é um grande erro, assim como ter qq coisa como obsessão.. vc acaba não vivendo p/ vc mesmo...

Parar é bom, principalmente parar e se manter antenado em tudo como os meus vagabundos preferidos fazem.. acho q isso faz crescer!!
(sim, eu me refiro às 2 pessoas q postaram antes de mim.. hehe)


Bom, mas eu entendi oq vcs disseram e estou mega feliz pq a partir da semana q vem eu serei mais uma ociosa nesse MUNDÃO de meu Deus e tô MEGA feliz com isso.. hehe

um beijão!!

ps.: Paulinha!!! q bom q vc voltou apostar..

Helena Miranda disse...

Que preguiça de ler tudo isso, amanhã de noite eu volto...
=)

Paula disse...

Van, você vai ver só como é boa essa vida "marginal", não vai mais querer outra coisa... heheheh

Ah... Gostei muito do título de vagabunda preferida nº2! rs

Nena, isso é coisa que se diga, eu tenho esse trabalho todo de copiar-colar e você não vai nem ler, faça-me o favor!!! heheheh
Se bem que é melhor mesmo, você está nessa sua fase workaholic e pode vir aqui depois falar mal de mim... tô com medo! rs

Beijões!